Por que TRÊS dígitos?
Você já parou alguma vez para se perguntar por que o preço da gasolina tem três casas decimais? Este tipo de precificação, não só da gasolina, mas também de combustíveis como etanol, diesel e outros, foi uma imposição do antigo Departamento Nacional de Combustíveis (hoje correspondente à ANP - Agência Nacional de Petróleo) em 1994.
A justificativa do referido Departamento era de que muitos fatores (dentre eles, impostos, custos de exploração e refinamento do petróleo, etc) compõem o preço final do produto, além do fato de que a terceira casa dá mais competitividade ao setor.
O consumidor paga mais do que pagaria se houvesse apenas duas casas. Tomando a imagem como exemplo, se um consumidor de gasolina comum abastece seu veículo com dez litros, ele paga R$32,98, quando pagaria R$32,90 caso não existisse a terceira casa decimal no preço. Considerando um consumidor que utiliza com frequência seu veículo, a longo prazo, esses centavos a mais pesarão em seu bolso. Contudo, como o consumidor, individualmente, consome em pequena escala, esse peso é quase imperceptível para ele.
Vejamos, agora, se esses mesmos centavos a mais são imperceptíveis também para os comerciantes. Não, não são! Os comerciantes vendem em larga escala. São milhares, milhões de litros vendidos! Imagine que a venda em um determinado posto foi de 500 mil litros de gasolina em um mês. Se o preço for de R$3,299, o valor arrecadado será de R$1.649.500 e, se for de R$3,29, o valor arrecadado será de R$1.645.000, o que resulta numa diferença de R$4.500, que já podem ser úteis para pagar o salário de alguns frentistas ou cobrir quaisquer outros custos. Repare que a diferença no bolso do comerciante é muito maior.
Ano passado, saiu uma matéria no "O Globo" (http://oglobo.globo.com/economia/anp-quer-tirar-um-digito-do-preco-da-gasolina-litro-pode-encarecer-7279276) sobre a pressão dos órgãos de Defesa do Consumidor para que seja eliminada a terceira casa decimal, entretanto a ANP ainda está estudando o caso, pois há prós e contras, não é algo simples de se decidir. Há resistência dos representantes de postos e distribuidoras, claro, que perderão com a eliminação do último dígito. Por outro lado, exatamente por isso, poderão desejar arredondar o preço para cima para compensar a perda e, assim, o consumidor pagaria um preço ainda maior do que paga no atual sistema.
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